Filme de Keanu Reeves traz mensagem equivocada sobre céu e inferno.
Ele já foi Buda, filho do diabo e Neo, o salvador de um mundo virtual dominado pelas máquinas. Agora, Keanu Reeves está de volta em outro filme com temática espiritual – é Constantine, baseado na série de quadrinhos Hellblazer, que estréia sexta-feira (11/03) nos cinemas.
Nascido com um dom que não desejou – a capacidade de reconhecer claramente os anjos e os demônios híbridos que andam pela Terra com aparência humana –, Constantine tirou a própria vida para escapar do tormento de suas visões. Mas fracassou.
Ressuscitou contra sua vontade e viu-se de volta ao mundo dos vivos. Agora, marcado como um suicida com um curto período de vida, ele protege a fronteira terrestre entre o Céu e o Inferno, com a vã esperança de conquistar sua salvação enviando os soldados do demônio de volta para as profundezas.
Essas entidades híbridas de ambos os lados atormentam constantemente esse exorcista renegado. O anjo Gabriel (TILDA SWINTON), porteiro de Deus na Terra, permanentemente nega a Constantine a salvação que ele busca com tanto fervor.
Indiferente à guerra particular de Constantine e consciente dos motivos egoístas, Gabriel repreende-o repetidamente – e nenhuma vez de forma solidária – de que ele não pode comprar seu lugar no Céu; enquanto o emissário de Satanás, Balthazar (GAVIN ROSSDALE), zomba de seus esforços inúteis.
Mas Constantine não é santo. Desiludido com o mundo à sua volta e com o do além, ele é um herói amargo; bebe muito, tem uma vida difícil e despreza qualquer idéia de heroísmo.
Constantine lutará para salvar sua alma, porém não deseja admiração ou agradecimento – e muito menos piedade. Tudo o que ele quer é se salvar.
Quando a cética policial Angela Dodson (RACHEL WEISZ) pede ajuda a Constantine para solucionar a misteriosa morte de sua irmã gêmea (também interpretada por Weisz), a investigação leva-os para o mundo de demônios e anjos que existe sob Los Angeles.
Vendo-se em meio a uma série de acontecimentos sobrenaturais catastróficos, os dois acabam se envolvendo e buscam a própria paz a todo custo.
Constantine, na verdade, mostra mais terminologia cristã e simbologia religiosa do que temos visto nos últimos anos no cinema, incluindo “A Paixão de Cristo.” Mas esse argumento não transforma todo crítico cristão em um fã do filme.
Por mais que o roteiro coloque em debate a guerra espiritual entre céu e inferno, Constantine está mais preocupado em entreter o público com os poderes das trevas em vez de visões de esperança, redenção e luz.
Seus poucos diálogos sobre Cristo são vagos e confusos. O espetáculo visual – com a tradicional pirotecnia hollywoodiana – tem seus méritos; e a apresentação do céu como o melhor lado na guerra espiritual também é plausível. Mas, a história e a mensagem espiritualidade deixam muito a desejar.